segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O caso de Rabo de Peixe assenta como uma luva neste artigo de Pedro Adão e Silva

"Pedro Adão e Silva publicou um artigo no jornal Expresso onde nos diz que o Surf pode ajudar o país a sair da crise.
O surfista, economista e professor universitário, colunista na revista Surf Portugal e no jornal Expresso, escreveu um artigo neste último onde nos transmite que o Surf pode ser utilizado como um meio para ajudar o país a sair da crise económica em que se encontra.
A Surftotal reproduziu abaixo o artigo publicado no passado dia 9 de Outubro no jornal Expresso.(...)"
 “Para muitas regiões do país, o surf pode funcionar como uma oportunidade para desbloquear o desenvolvimento, que pode arrastar um conjunto importante de actividades e com isso ajudar a sair economicamente da crise.
O retrato do país tem-se tornado todos os dias mais negro: desemprego elevado, contas públicas desequilibradas e um potencial de crescimento económico medíocre. A justa sensação com que se fica é que não se vislumbram perspectivas. Posto de modo simples, só temos uma saída económica para a crise: produzir bens que os chineses não possam imitar e que os alemães não sejam capazes de produzir com maior qualidade. Infelizmente, não há muitos exemplos de bens deste tipo. Mas temos um activo económico que, por mais que tentem, nem chineses, nem alemães serão capazes de produzir: ondas de qualidade para praticar surf, como aquelas em que os melhores surfistas do mundo competirão ao longo destes dias em Peniche.
Tem sido frequentemente dito que o mar é o mais importante activo do país. Faz sentido: se distribuíssemos todos os portugueses pela nossa zona económica exclusiva, cada um de nós poderia usufruir de uns amplos 12 hectares. Neste sentido, é-nos sugerido que o mar funcione como um catalisador capaz de dinamizar um conjunto de sectores com elevado potencial de crescimento que tem ficado por explorar. Mas, quando falamos de economia do mar, tendemos a centrar a nossa atenção na actividade portuária, na construção naval ou nas energias, enquanto secundarizamos o potencial económico associado ao surf.
Acontece que o surf pode representar para o turismo português o que os desportos de neve representaram para os Pirenéus. Do mesmo modo que regiões inteiras na Europa viram o seu desenvolvimento alavancado por disporem de condições privilegiadas para a prática de esqui, também Portugal pode explorar o potencial turístico associado ao surf. Para muitas regiões do país, uma onda de qualidade pode ser um factor decisivo para a reconversão de localidades costeiras, com actividade piscatória em declínio e ocupação turística fortemente sazonal, em destinos turísticos sustentáveis ao longo de todo o ano.
Portugal tem condições únicas para a prática de surf. Um clima temperado que permite surfar 365 dias por ano, ondas excelentes ao longo de toda a costa, algumas delas concentradas no espaço de menos de 100 quilómetros (de Peniche à Ericeira), e uma enorme centralidade face a outros destinos de surf.
Mas se o surf pode ser o nosso esqui, pode também ser um novo golfe. É verdade que o potencial económico não é ainda comparável, mas o surf apresenta, face ao golfe, enormes vantagens em termos de sustentabilidade. O turismo de surf não é massificado, apesar de representar um nicho em acentuado crescimento (num estudo de mercado recente, 90% dos europeus escolhiam o surf como o desporto que mais gostariam de experimentar), e, além do mais, tendo em conta que as melhores ondulações não são no Verão, o surf pode compensar a sazonalidade da hotelaria. Acima de tudo, o turismo de surf é ambientalmente equilibrado - o surf depende de ondas, um recurso natural, e os surfistas tendem a valorizar a preservação ecológica das praias.
Para os surfistas convictos, o surf é invariavelmente a melhor forma de escapar às várias crises. Mas, para muitas regiões do país, o surf pode funcionar como uma oportunidade para desbloquear o desenvolvimento, que pode arrastar um conjunto importante de actividades e com isso ajudar a sair economicamente da crise. Com uma garantia: uma onda de qualidade, desde que preservada, nunca será deslocalizada."
Fonte: Surf Total

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