Conhece os cerca de oito spots da ilha Terceira propícias às modalidades e desde 1986 regista as aventuras de quem os costuma desafiar. Actualmente, o seu espólio fotográfico contém milhares de imagens marcadas por histórias de mar, convívio e adrenalina. Diz haver ondas fotogénicas como se falasse de uma mulher. É a voz do fotógrafo Paulo Melo que, embora com os pés bem assentes na terra, tem a objectiva quase sempre apontada ao mar. Gosta do recorte na espuma das ondas e do movimento constante das águas. Em 1986 elegeu a sua preferida. Tem por nome Santa Catarina, fica localizada no concelho da Praia da Vitória, e, entre a comunidade de praticantes de bodyboard e surf, é conhecida por “rainha”. “Costumava fotografar o mar em dias de mau tempo tentando descobrir desenhos nas marés. Passei por lá ao acaso e reparei na sua beleza singular. Há ondas lá que atingem seis metros. E, apenas numa tarde, por norma, tiro cerca de novecentas fotos no total sendo que faço sequências de 30”, revela Paulo Melo, à conversa com o nosso jornal, assumindo a sua preferência pela fotografia em movimento e a preto e branco. Reconhece a dificuldade da arte de fotografar e, sublinhando tratar-se de uma arte, rejeita tratamento da imagem em Photoshop ou outros programas computorizados. Considerando os seus 45 anos de idade, os primeiros passos foram dados com a utilização de uma máquina de rolo, naturalmente, sendo as temáticas procuradas na natureza do interior da ilha. Mas o contacto com o mar começou na Riviera, Praia da Vitória, durante a sua infância, o mesmo local onde nos anos 70 observava as manobras de José Lúcio e Francisco “Martelo”, praticantes de bodyboard, por sinal, refere, ainda hoje no activo. Avançaram os tempos e evoluíram os equipamentos de fotografia até à era digital. No seu percurso autodidacta procurou adquirir o máximo de conhecimentos técnicos e, assim, através de livros e conversas com outros fotógrafos, nomeadamente Jorge Monjardino, passou da teoria à prática. “A fotografia é uma arte complicada. Parece fácil mas não é”, reforça a ideia. Passados mais de vinte anos, conta, é que captou uma imagem quase perfeita. Manifesta contentamento em dose dupla ao precisar o dia e o local de um momento vivido e imortalizado após grande investimento financeiro e emocional. “Foi tirada em Santa Catarina, no dia 11 de Março de 2008, e o rider foi o Samuel Barcelos”, precisa o fotógrafo. Revela que, para conseguir boas fotografias, muitas ocasiões foram ‘clicadas’ debaixo de chuva e vento e, ainda, de sustos consequentes provocados por vagas que, por vezes, arrastam os atletas para as rochas. E, logo, é questionado sobre o significado de ‘boa fotografia’. “A luz e o exacto momento da manobra do atleta. Para obter bons resultados tive que aprender a linguagem dos surfistas e bodyboarders. Hoje em dia, depois de muito conviver com eles e de me darem dicas, sei o que significa, por exemplo, ‘cutback’”, diz. Aprender sobre o mar e a vida A integração na comunidade de praticantes de desportos de ondas poderá ter sido tarefa pouco fácil para Paulo Melo, não pela sua pessoa mas pela sua objectiva. Conta o fotógrafo que a aceitação do seu hobbie foi gradual e que o ponto de viragem ocorreu durante o movimento civil SOS Cabo da Praia, a luta pela preservação da onda do Terreiro de São Mateus e pelo tratamento do esgoto em Santa Catarina. “Todo o apoio era bem-vindo e, além disso, a união faz a força. Creio que o receio era a divulgação de uma onda que pudesse atrair demasiadas atenções de surfistas e bodyboarders de outros pontos do globo, e prejudicar o meio ambiente. Porém, naturalmente, isso foi ultrapassado, a onda de Santa Catarina é conhecida em todo o mundo independentemente de um suposto trabalho de divulgação turística”, sustenta. Neste contexto refere o Azores Islands Bodyboard Festival, que irá decorrer de 17 a 26 de Novembro, em Santa Catarina, promovido pela USBA e AST, e cuja foto do cartaz é da sua autoria. “A onda mística de Santa Catarina irá trazer muita gente à ilha Terceira”, considera o fotógrafo, natural de Angra do Heroísmo, com actividade profissional ligada ao comércio de equipamentos náuticos, referindo que os melhores meses para a prática das modalidades situam-se entre Setembro e Junho. “A época alta desses desportos coincide com a época baixa do turismo nos Açores. Isso já foi falado muitas vezes e devia ser valorizado pelas entidades competentes”, recorda. Considera igualmente a importância de viajar e conhecer “ondas diferentes”. Indica a Indonésia como um dos destinos que ocupa o Top 10 das preferências dos praticantes. Quanto a si, confessa, precisa de viver junto ao mar mas dropar está manifestamente colocado de parte na sua lista de “coisas a fazer”. “Já tenho algumas bases para poder me aventurar na água. Mas prefiro estar apenas por perto. Há que ter um nível de loucura acima de média”, brinca. Questionado sobre o que tem vindo a retirar da relação fotografia/bodyboard, tendo em conta que as partes mantêm-se reunidas desde o primeiro contacto, Paulo Melo é peremptório: “Aprendizagens sobre o mar e a vida. Há um convívio especial, uma camaradagem fantástica que é de prezar”, diz. Exposição sobre as ondas Entretanto, Paulo Melo prepara-se para avançar com a recolha de imagens fotográficas sobre bodyboard e surf com o objectivo de mostrar ao público a beleza das ondas existentes no mar da ilha Terceira. Embora sem datas e local previstos, e ainda desprovido de qualquer apoio financeiro, o fotógrafo manifesta vontade de abrir a exposição no decorrer da semana de Festas Sanjoaninas em Angra do Heroísmo. Destaca Santa Catarina e a baixa da Serreta como alguns dos spots que seriam realçados. Para trás ficou a participação numa exposição de fotografia colectiva, intitulada “Sol”, que esteve patente ao público nas Sanjoaninas 2009, numa galeria então localizada na Rua de São João. Sónia Bettencourt sonia@auniao.com
terça-feira, 15 de novembro de 2011
Paulo Melo o fotógrafo que melhor conhece Stª. Catarina
Conhece os cerca de oito spots da ilha Terceira propícias às modalidades e desde 1986 regista as aventuras de quem os costuma desafiar. Actualmente, o seu espólio fotográfico contém milhares de imagens marcadas por histórias de mar, convívio e adrenalina. Diz haver ondas fotogénicas como se falasse de uma mulher. É a voz do fotógrafo Paulo Melo que, embora com os pés bem assentes na terra, tem a objectiva quase sempre apontada ao mar. Gosta do recorte na espuma das ondas e do movimento constante das águas. Em 1986 elegeu a sua preferida. Tem por nome Santa Catarina, fica localizada no concelho da Praia da Vitória, e, entre a comunidade de praticantes de bodyboard e surf, é conhecida por “rainha”. “Costumava fotografar o mar em dias de mau tempo tentando descobrir desenhos nas marés. Passei por lá ao acaso e reparei na sua beleza singular. Há ondas lá que atingem seis metros. E, apenas numa tarde, por norma, tiro cerca de novecentas fotos no total sendo que faço sequências de 30”, revela Paulo Melo, à conversa com o nosso jornal, assumindo a sua preferência pela fotografia em movimento e a preto e branco. Reconhece a dificuldade da arte de fotografar e, sublinhando tratar-se de uma arte, rejeita tratamento da imagem em Photoshop ou outros programas computorizados. Considerando os seus 45 anos de idade, os primeiros passos foram dados com a utilização de uma máquina de rolo, naturalmente, sendo as temáticas procuradas na natureza do interior da ilha. Mas o contacto com o mar começou na Riviera, Praia da Vitória, durante a sua infância, o mesmo local onde nos anos 70 observava as manobras de José Lúcio e Francisco “Martelo”, praticantes de bodyboard, por sinal, refere, ainda hoje no activo. Avançaram os tempos e evoluíram os equipamentos de fotografia até à era digital. No seu percurso autodidacta procurou adquirir o máximo de conhecimentos técnicos e, assim, através de livros e conversas com outros fotógrafos, nomeadamente Jorge Monjardino, passou da teoria à prática. “A fotografia é uma arte complicada. Parece fácil mas não é”, reforça a ideia. Passados mais de vinte anos, conta, é que captou uma imagem quase perfeita. Manifesta contentamento em dose dupla ao precisar o dia e o local de um momento vivido e imortalizado após grande investimento financeiro e emocional. “Foi tirada em Santa Catarina, no dia 11 de Março de 2008, e o rider foi o Samuel Barcelos”, precisa o fotógrafo. Revela que, para conseguir boas fotografias, muitas ocasiões foram ‘clicadas’ debaixo de chuva e vento e, ainda, de sustos consequentes provocados por vagas que, por vezes, arrastam os atletas para as rochas. E, logo, é questionado sobre o significado de ‘boa fotografia’. “A luz e o exacto momento da manobra do atleta. Para obter bons resultados tive que aprender a linguagem dos surfistas e bodyboarders. Hoje em dia, depois de muito conviver com eles e de me darem dicas, sei o que significa, por exemplo, ‘cutback’”, diz. Aprender sobre o mar e a vida A integração na comunidade de praticantes de desportos de ondas poderá ter sido tarefa pouco fácil para Paulo Melo, não pela sua pessoa mas pela sua objectiva. Conta o fotógrafo que a aceitação do seu hobbie foi gradual e que o ponto de viragem ocorreu durante o movimento civil SOS Cabo da Praia, a luta pela preservação da onda do Terreiro de São Mateus e pelo tratamento do esgoto em Santa Catarina. “Todo o apoio era bem-vindo e, além disso, a união faz a força. Creio que o receio era a divulgação de uma onda que pudesse atrair demasiadas atenções de surfistas e bodyboarders de outros pontos do globo, e prejudicar o meio ambiente. Porém, naturalmente, isso foi ultrapassado, a onda de Santa Catarina é conhecida em todo o mundo independentemente de um suposto trabalho de divulgação turística”, sustenta. Neste contexto refere o Azores Islands Bodyboard Festival, que irá decorrer de 17 a 26 de Novembro, em Santa Catarina, promovido pela USBA e AST, e cuja foto do cartaz é da sua autoria. “A onda mística de Santa Catarina irá trazer muita gente à ilha Terceira”, considera o fotógrafo, natural de Angra do Heroísmo, com actividade profissional ligada ao comércio de equipamentos náuticos, referindo que os melhores meses para a prática das modalidades situam-se entre Setembro e Junho. “A época alta desses desportos coincide com a época baixa do turismo nos Açores. Isso já foi falado muitas vezes e devia ser valorizado pelas entidades competentes”, recorda. Considera igualmente a importância de viajar e conhecer “ondas diferentes”. Indica a Indonésia como um dos destinos que ocupa o Top 10 das preferências dos praticantes. Quanto a si, confessa, precisa de viver junto ao mar mas dropar está manifestamente colocado de parte na sua lista de “coisas a fazer”. “Já tenho algumas bases para poder me aventurar na água. Mas prefiro estar apenas por perto. Há que ter um nível de loucura acima de média”, brinca. Questionado sobre o que tem vindo a retirar da relação fotografia/bodyboard, tendo em conta que as partes mantêm-se reunidas desde o primeiro contacto, Paulo Melo é peremptório: “Aprendizagens sobre o mar e a vida. Há um convívio especial, uma camaradagem fantástica que é de prezar”, diz. Exposição sobre as ondas Entretanto, Paulo Melo prepara-se para avançar com a recolha de imagens fotográficas sobre bodyboard e surf com o objectivo de mostrar ao público a beleza das ondas existentes no mar da ilha Terceira. Embora sem datas e local previstos, e ainda desprovido de qualquer apoio financeiro, o fotógrafo manifesta vontade de abrir a exposição no decorrer da semana de Festas Sanjoaninas em Angra do Heroísmo. Destaca Santa Catarina e a baixa da Serreta como alguns dos spots que seriam realçados. Para trás ficou a participação numa exposição de fotografia colectiva, intitulada “Sol”, que esteve patente ao público nas Sanjoaninas 2009, numa galeria então localizada na Rua de São João. Sónia Bettencourt sonia@auniao.com
3 comentários:
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Altamente, e se pusesses umas fotos dos anos 80 e 90 pro pessoal ver!!!!abraço
ResponderEliminarO Zé Lucio e o Fernando a fazer body ???????????????
ResponderEliminarFoge que eles ainda te caçam por esta heresia, lol...
Aguardamos essa exposição com espetativa, por certo vai ser um assombro, com o pessoal todo a bombar.
JA
Acho k foi um erro da Jornalista ou falha de comunicação... Quer nos BBoarders quer nada data que começou a tirar fotos de surf 96 e não 86!! Penso eu de que!!
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