segunda-feira, 23 de julho de 2012

Tubarão com 220 kg, capturado no porto de Rabo de Peixe por um grupo de rapazes

Notícia do Correio dos Açores

Um grupo de rapazes capturou, anteontem à noite, um tubarão tigre de areia de dente pequeno (Odontaspis ferox), de 220 quilos, mesmo encostado à rampa de varagem do porto de Rabo de Peixe.
Este insólito acontecimento causou embaraço à ‘Lotaçor’. A questão é que, pela lógica da pesca, o tubarão pertence a quem o capturou, neste caso, os rapazes de Rabo de Peixe. Contudo, dada a dimensão do tubarão, poderá não ser assim e os responsáveis da empresa de lotas e vendagens não sabiam ontem o que fazer. Razão porque o tubarão ficou praticamente todo o dia de ontem no interior do armazém frigorífico da ‘Lotaçor’ no porto de Ponta Delgada.
Normalmente, se o tubarão arroja à costa já morto, é entregue aos agentes da Protecção da Natureza e ao Departamento de Biologia da Universidade dos Açores. Este caso é diferente já que o tubarão foi capturado ainda vivo pelo grupo de rapazes.
O Departamento de Biologia da Universidade dos Açores interessou-se pelo tubarão, sobretudo, pela sua queixada com o objectivo de a estudar e expor. Contudo, à hora de encerrarmos ontem a edição, nada ainda estava decidido.
Procurámos durante todo o dia de ontem contactar o presidente da ‘Lotaçor’, José Luís Amaral, mas, tal como tem acontecido nos últimos dias, são infrutíferas todas as nossas diligências.
Embora não se conheça em pormenor as razões porque o tubarão tigre de areia de dente pequeno tenha arrojado ainda vivo à rampa de varagem do porto de Rabo de Peixe, acredita-se que estivesse doente. O facto é que não apresentava qualquer ferida que tenha provocado a doença. Apenas foram encontrados pequenos ferimentos causados pelos rapazes quando o puxaram para terra.
Este acontecimento insólito provocou grande alarido na Vila de Rabo de Peixe, sobretudo na zona junto ao porto de pesca.

Um outro tubarão tigre
Arrojou em Fevereiro


Já em Fevereiro deste ano havia arrojado, na Praia dos Poços, Concelho da Ribeira Grande, um tubarão-tigre, mas o (Odontaspis ferox), já em fase de decomposição. Os agentes da Protecção da Natureza e do Ambiente da Guarda Nacional Republicana (SEPNA), os Vigilantes da Natureza e uma equipa da Universidade dos Açores dirigiram-se ao local depois de alertados por populares. Constataram tratar-se de um macho maturo, com 3,2 metros de comprimento.
Apesar de haver nota de animais desta espécie nos Açores, com comprimentos entre o metro e meio e os três metros, é raro o seu arrojamento. Aliás, até ao momento, há apenas conhecimento de mais dois registos de arrojamentos de tubarões, tendo estes ocorrido um na ilha de S. Miguel e outro na ilha de Santa Maria, ambos no ano passado. Nesses casos, não foi registada a espécie.
Nos Açores, apenas foram registados indivíduos desta espécie com sexo masculino, o que indicia a sua possível agregação de acordo com o género em volta das nossas ilhas. De qualquer forma, serão necessários mais registos para estudar e garantir esta hipótese. Apesar deste animal ter um comprimento razoável, está ainda longe do máximo dado para a espécie o qual é de seis metros. O tubarão-tigre é considerado um animal agressivo, devendo ser evitada a natação com estes animais.
O tubarão-tigre, pertence a uma espécie que pode ser encontrada nos fundos da plataforma continental e junto de ilhas, distribuindo-se até mais de 2000 metros de profundidade. Esta espécie alimenta-se de peixes, cefalópodes e crustáceos e está classificada como “vulnerável” no Livro Vermelho da IUCN.
As causas de morte do tubarão encontrado na Praia dos Poços são desconhecidas. Apesar disso, as mais prováveis são a morte natural ou a captura acidental e rejeição por parte da frota pesqueira.
Então, o Departamento de Biologia da Universidade dos Açores, através da equipa do Professor José Azevedo, recolheu amostras de tecido e o maxilar. Com estes elementos será possível verificar a população e obter mais pistas sobre a causa de morte.
Este foi mais um caso acompanhado pela Rede de Arrojamento de Cetáceos dos Açores (RACA), coordenada pela Secretaria Regional do Ambiente e do Mar. A RACA desempenha desta forma uma extensão da sua missão nuclear, os cetáceos, o que acontece também com as focas e as tartarugas que ocasionalmente dão à costa nos Açores.

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